segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nódoas

Quem escuta quem?
Quem manda quem?
Quem tem o fio da navalha?
O senhor ministro?
O Papa?
O Taxista?
O Evaristo?
Ou é um grito do Nirvana!...

Quem divulga quem?
Quem determina quem?
Uma inglória vã de viver?
Uma boca da Somália?
Um feto da Nigéria?
Uma placenta do Quénia?
Num saco de Karmas
Que pula e salta aos gritos
Numa euforia de malária,
De fome e de morte,
Por causa dos proveitos das armas?!...

Quem guarda quem?
Quem partilha quem?
As molas do colchão
Do segundo andar
Escutadas pelo vizinho
Do rés-do-chão?!...
Ou sou eu
Que estou a sonhar
Que tenho a sensação
Que me estão a escutar a matar?!...

sábado, 30 de abril de 2011

Meu país

Meu país para ser culto e desenvolvido 
Precisa de ter:
Mais fundos comunitários,
Mais cidades plastificadas
De hipermercados perfumados,
Mais lixo tóxico demente
De cartões de crédito inflamados
Patologicamente
Perseguidos com prisão de ventre penhorados...

Menos património cultural e mais casinos,
Mais ricos, ricos e mais pobres, pobres...
Mais apoplécticos corruptos,
Mais justiça dualizada
Social e descriminada…
Ir uma vez por semana à missa,
Para encobrir os cornos
Na vergonha das hóstias engendradas...

Falar actualmente do meu país,
É preciso conhecer a sua história e a sua filosofia…
Sem ela, não se compreende:
A política, a justiça, a educação,
O trabalho e as forças armadas… são uma balela.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Coisa breve

Somos o que somos,

Coisa breve!

Pelo menos, que tenha alma

E possamos entende-la

Quando ela nos chama

Do olhar

Que nos rege!

Vale saber, enquanto vivos,

Bebamos todos do mesmo vinho.

Sopro, peugadas,

Fugazes por um triz.

Amanhados, todos primos,

O exemplo de que somos

Um sofrimento feliz!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Avaros

Como se o raciocínio eclipsasse as lentes. 
Viajantes, de muito longe,
certos bruxos, ainda permanentes,
talvez a crónica da memória,
igual aos seus erros e defeitos,
possam,
devam ser julgados a prestar contas à história.

Obstinados, frescos, zelosos,
atentos e ociosos compadres,
inspiram a visão da santíssima trindade
pela petição, enquanto responsáveis,

os mesmos avaros
por aquilo que nunca foram capazes!
Agora insolvíveis, caprichosos,
por lá posam de colarinho engomado,
meia preta, retórico sapato engraxado
a dar lições de economia e finanças
como se fossem profetas,
compostos da herança que eles estrangularam...

Meus estimados padecentes, do meu acanhado ponto de vista,
o país, dentro da história, já há muitos anos couto,
é um projecto arquitectado pela gosma da rosa e da laranja,
e ambas fazem o jogo uma da outra!
Por isso, padecentes, o governo,
governa com a teoria da laranja gaveta,
para não permitir a esta, a hipótese de tomar o poder.
entretanto, de acordo, a laranja partilha desta suposição,
para sorrateiramente ter assento no mesmo banquete...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Reflexão

Como o reencontro de algo muito querido, que o tempo por qualquer motivo separado, ou talvez um sonho sonhado, ou ainda um retrato esquecido na gaveta, com vontade de avivar aquilo que foi ou não uma vivência por concluir (...) é agarrar a oportunidade, é sentir a vontade de querer melhorar o conhecimento e aferir o processo com o mundo das coisas. Contudo, ter ideias hoje em dia é um conceito estranho! Ainda bem que vai acontecendo àqueles, que mantêm a memória fresca e, façam dela a sua verdadeira condição de valores e princípios como se fosse a primeira vez de um qualquer objecto arrebatador! Por isso, quando as ideias acontecem, agarremos-lhe o momento, são elas a construção de valores que duram uma vida. As metamorfoses da minha existência foram o que foram, e não é razoável pensar que se fosse hoje faria de outra forma. Não, porque as condições e as oportunidades durante a minha maturação nunca se entenderam com a génese do meu ser...

A natureza das coisas são como são. O importante é aprendermos com elas a ser melhor, mais competente, mais eficiente, mais íntegro e tolerante. Um comportamento de grupo sem ideias é um comportamento amorfo. Seja como for, é bom estarmos cá, compararmos as épocas na vivência das realidades que são e vão sendo a autenticidade da vida. Como dizia Miguel Torga: “Temos cá boas recordações”. Por isso, o razoável é fazermos obra. Para quem acredita que ainda é possível, recebe sempre a recompensa de poder superar as boas ou más surpresas que naturalmente a vida envolve. Sou um compromisso sem compromisso, um encontro sem encontro, um viajante sem endereço, uma verdade sem verdade, mimado de muitas emoções; atento, que seja uma melhor condição para todos. Por isso, amo seriamente todas as telas e com elas me dou pela finalização.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Se por acaso chegar às suas mãos...

Amigo passante;

Também sou passante por conta própria, sem remédio do mesmo calcanhar e da mesma natureza, sou semelhante a qualquer indígena que respira do mesmo ar que habita este chão. Sinto aflição de partilhar esta fugaz passagem, porque a vida é como um autocarro, tudo é passageiro, salvo o condutor. Não importa quem sou, nem donde venho, apenas sinto a vontade de dar um abraço a alguém, uma palavra de aconchego, um toque. Pois se está bem, fico contente, se está de algum modo angustiado, conte as estrelas e deixe-se adormecer ao luar. Ninguém derrota a morte. Por isso, pense na vida, faça dela um prodígio, que não tenha nem a senha nem o dia.

Enquanto o tempo for tempo, que seja boa disposição.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sinto-as

Sou a partilha das pedras

Das pedras que me ditam seguras

Nascidas

Infinitamente sinto-as

Infinitamente nuas

Sinto-as

Quando elas nascidas 

Me tocam imaculadamente puras