quarta-feira, 23 de maio de 2012

No meu espírito

Só, como se não existisse, uma voz angustiada do tempo, chamava por mim. Passavam duas horas e quinze minutos das zero, o silêncio adormeceu no sossego da noite, que assim quis, por ficar no lado opaco à luz do dia. Todavia, até então, apenas o tique-taque na gravidade do teclado do meu computador, aceitava a sua ordenação de registar as palavras do meu pensamento, enquanto entendia o acompanhar da rotação da órbita da terra... (A continuação na pag. 42, Verticalmente de Pé)

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dedicatória

“Piegas”…
Se o silêncio te cava a voz,
É porque o és.
Se a voz te dá o alento,
O promotor diz que foi ao invés!...
     
Há palavras que nos ferem
A beleza do encanto,
(Desencantado)…
Há palavras proferidas
Aquém da realidade
Por serem formatadas
Dum tal mal juízo insinuado!

Acusação insultuosa, enche o punho
Com indignação e diz:
Quem o atesta,
Faz um plangente serviço
Inadaptado à verdade do seu país!...

Palavras que ignoram a realidade,
São uma farsa,
Que apenas beneficiam a legitimidade.  


domingo, 22 de janeiro de 2012

Condenação

Reunida no passado pôr-do-sol
E noite de lua cheia,
O Conselho do Povo, no limiar da pobreza,
Em tertúlia trabalheira,
Democraticamente eleita e de mão no ar,
Determinou sem pena suspensa, ou recurso,
E mandou publicar:


A condenação a 30 anos de trabalhos
Em sacrifícios de apeneia
O Simbólico Aníbal e o Presidente da Republica
Pelo seu subsequente ar escapatório de toupeira.


Ignomínia, omissão e insensibilidade
A quem lhe deu o crédito;
O povo.
Pelo excesso e conivente desrespeito
Pelo soldo que recebe;
Do povo.
Pelo desprezo provocatório e desiludo
Aos sacrifícios acatados;
Do povo.
Pela incompetência e inoperância que tem
Aprovado, os destinos do país;  
Do povo.

E ainda, devido às circunstâncias
Atuais de água e pão…   
Realizar certas instâncias
À reforma
Da sua concubina, a bem da meditação!





sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Apelo

Vou recitar uma arma
de gesso e de lama,
numa corrente de água morna
e embute de sorna,
para então dizer ao mundo
reaccionário e estúpido,
que tudo acaba
quando o sono acorda!

Vou acordar seca a garganta
de palavras:
gotas de pus
que a liberdade inventou
amolecer gritos de corpos nus
num mundo silenciosamente
assanhado e sinistro...
onde só os bichos entendem,
que as pedras são como são...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Descarnada

Descarnados, os ossos mostram a realidade
Disfarçada,
Enquanto o cetim carcomido
Segura a reminiscência,
Incansável dos números
Dum curvado chão compungido.


Mil quatrocentos e quarenta minutos,
Vinte e quatro horas,
Por dia.


Dez mil e oitenta minutos,
Cento e sessenta e oito horas,
Por semana.


Quarenta e três mil minutos,
Setecentas e vinte horas,
Por mês.


Quinhentos e vinte e cinco mil e seiscentos minutos,
Oito mil setecentas e sessenta horas,
Por ano.


Quarenta e oito milhões,
Oitocentos e oitenta mil e oitocentos minutos,
Oitocentas e catorze mil seiscentas e oitenta horas,
Por noventa e três anos.


Entre o céu, o inferno e o paraíso, arreda percorrida!
Ocorrência de ter nascido nua e ter morrido vestida.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Intelectuais

Onde estão os intelectuais?
Será que ainda existem mentes
Cerebrais?
Mentes antagónicas,
Inconformadas, pensamentos verticais?


A vós nomeados intelectuais
Das crónicas domésticas
Dos jornais,
Redigidas dos sofás, das pantufas
E dos cristais,
Cómodas poltronas,
Sedentários observadores serviçais!


Os povos estão desconvocados,
Desgovernados e desamparados,
Padecem de fome e sede
Pelos caminhos
E sem nome morrem como animais!


Editai vossos laços
Nas ruas, nas praças, nas varandas…
Editai as mãos o pensamento
De Norte a Sul vazias gargantas
Onde todos são a debilidade,
O impedimento do ser ou não ser
A exactidão do direito e da liberdade.


A vós que julgais ser o sabão das mãos limpas,
As ruas esperam pelo expurgo do vosso saber,
E o povo agradece com iluminadas lamparinas,
O que a história nos deixou por entender.